sábado, 3 de janeiro de 2009

A Sagrada Escritura na vida da Igreja

  • A Sagrada Escritura na vida da Igreja

    · “É tão grande o poder e a eficácia encerrados na Palavra de Deus, que ela constitui sustentáculo e vigor para a Igreja, e, para seus filhos, firmeza da fé, alimento da alma, pura e perene fonte da vida espiritual.”
    · “É preciso que o acesso à Sagrada Escritura seja amplamente aberto aos fiéis.” (DV)
    · Que o estudo das Sagradas Páginas seja, portanto, como que a alma da Sagrada Teologia. Da mesma palavra da Sagrada Escritura também se nutre salutarmente e santamente floresce o ministério da palavra, a saber, a pregação pastoral, a catequese e toda a instrução cristã, na qual deve ocupar lugar de destaque a homilia litúrgica.


· A Igreja “exorta com veemência e de modo peculiar todos os fiéis cristãos... a que, pela freqüente leitura das divinas Escrituras, aprendam a eminente ciência de Jesus Cristo (Fl 3,8). Com efeito, ignorar as Escrituras é ignorar Cristo”.

Os sentidos da Escritura

A fé cristã não é uma "religião do Livro". O Cristianismo é a religião da "Palavra" de Deus, "não uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo" (São Bernardo). Para que não seja letra morta, é preciso que Cristo, Palavra eterna do Deus Vivo, pelo Espírito Santo, nos «abra o espírito ao entendimento das Escrituras» (Lc 24,45).


O Concílio Vaticano II indica três critérios para uma interpretação da Escritura conforme ao Espírito que a inspirou:

1. Prestar grande atenção ao "conteúdo e à unidade de toda a Escritura".

2. Ler a Escritura "na tradição viva de toda a Igreja".

3. Estar atento à "analogia da fé".

1. Prestar muita atenção ao conteúdo e à unidade da Escritura inteira.

Pois, por mais diferentes que sejam os livros que a compõem, a Escritura é una em razão da unidade do projeto de Deus, do qual Cristo Jesus é o centro e o coração, aberto depois da sua Páscoa (§112). São Tomás de Aquino assim explica: “O coração de Cristo designa a Sagrada Escritura que dá a conhecer o coração de Cristo. O coração estava fechado antes da Paixão, pois a Escritura era obscura. Mas a Escritura foi aberta após a Paixão, pois os que a partir daí têm a compreensão dela consideram e discernem de que maneira as profecias devem ser interpretadas”. (Sl. 21,11).

2. Ler a Escritura dentro da Tradição viva da Igreja inteira.

Conforme o ensinamento dos Padres da Igreja, “a Sagrada Escritura está escrita mais no coração da Igreja do que nos instrumentos materiais”. Com efeito, a Igreja leva na sua Tradição, a memória viva da Palavra de Deus, e é o Espírito Santo que lhe dá a interpretação espirital da Escritura (“... segundo o sentido espiritual que o Espírito dá à Igreja”) (Orígenes, hom. Lv. 5,5), (§113).

3. Estar atento “à analogia da fé” (Rom 12,6).

Por analogia da fé entendemos a coesão das verdades da fé entre si e no projeto total da Revelação.

O sentido literal e o espiritual

O Catecismo da Igreja nos ensina que há dois sentidos nas Escrituras, segundo uma antiga tradição da Igreja.O sentido literal e o sentido espiritual, sendo este último subdividido em sentido alegórico, moral e anagógico. A concordância profunda entre os quatros sentidos garante toda a sua riqueza à leitura viva da Escritura.

O sentido literal - é dado pelo significado das palavras da Escritura e descoberto pela exegese (estudo profundo do texto bíblico) que segue as regras da correta interpretação.São Tomás de Aquino dizia que “todos os sentidos devem estar fundados no literal” (Suma Theol. 1,1, 10, ad 1).(§116)

O sentido espiritual - Graças à unidade do projeto de Deus, não somente o texto da Escritura, mas também as realidades e os acontecimentos de que fala, podem ser sinais. O sentido espiritual pode ser subdividido em alegórico, moral e anagógico.

1-O sentido alegórico - Podemos adquirir uma compreensão mais profunda dos acontecimentos reconhecendo a significação deles em Cristo; assim, a travessia do Mar Vermelho é um sinal da vitória de Cristo, e também é um sinal do Batismo (cf. 1Cor 10,12).

2-O sentido moral - Os acontecimentos relatados na Escritura podem conduzir-nos a um justo agir. São Paulo diz que eles foram escritos para a nossa instrução (1 Cor 10,11; Hb 3-4,11)

3-O sentido anagógico – Podemos ver realidades e acontecimentos na sua significação eterna, conduzindo-nos (em grego: anogoge) para a nossa Pátria. Assim, a Igreja na terra é sinal da Jerusalém celeste. (cf. Ap 21,1-22, 5) (§117). Um ensinamento medieval resume a significação dos quatro sentidos:
A letra ensina o que aconteceu;
A alegoria, o que deves crer;
A moral, o que deves fazer;
A anagogia, para onde deves caminhar (§118)
Cf. Cat. § 115 a 118

Nenhum comentário:

Postar um comentário